terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Virtual

Quem é você?
Que mesmo distante, de forma galante
Me chama de amante, me faz importante
Que preenche minha solidão
Com palavras coloridas de emoção
Quem é você?
Que ilumina meus dias nublados
Com doces recados
Na telinha do pc
Quem é você?
Que me deseja boa noite, com carinho
No anonimato, mas dá um jeitinho
De mostrar que pensou em mim...
Quem é você?
Com essa voz sensual no meu celular
Me deixando assim...Consegue me arrepiar...
Fazer-me sonhar, imaginar...
Que em algum lugar existe
Alguém muito especial
A quem gosto de chamar de
Meu Amor Virtual!!!

Lívia Carla Soares

Premonição

Eu adivinhei que tu virias
Nem sei bem como, já te pressentia
A luz difusa do ocaso
Delineava teu rosto
O vento me trouxe teu cheiro
Qual loba no cio, farejava o ar
Procurando-te...
Na tarde quente de verão
O mar lambendo meu corpo
Susurrava teu nome...
Na solidão da noite
Ouvia teu riso, suave, quente
Quase podia abraçar
Tua presença invisível
Eu sabia que tu chegarias!
Meu coração transbordando de alegria
Falava-me baixinho: -Calma, ele virá!
Impaciente e sedento, meu corpo
Gritava por ti, molhado de desejo...
Ah! Mas enfim chegaste, amor
Nem cedo nem tarde
Na hora exata, certa, contigo trouxeste
Minha felicidade!

Lívia Carla Soares

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Sol e Lobo

Era uma vez um Lobo e o Sol
Lobo uivava para a Lua e fazia poesia
Sol adorava poesia, mas brilhava só de dia.
Jamais se encontraram
Porque quando Lobo escrevia
Sol, cansada do longo dia, adormecia.
Quando Sol brilhava intenso
Era o Lobo que dormia.
Cansado de vagar na noite fria...
Uma manhã o vento trouxe da noite para o dia
Até Sol, fragmentos de uma linda poesia.
Assinada pelo Lobo Poeta
Fascinada, Sol lia e relia.
Apaixonou-se pelo autor da escrita
Enviou-lhe um raiozinho tímido e dourado
Tentando aquecer-lhe o coração, já tatuado.
A Lua enciumada, debochada, dizia irônica:
-Jamais passará de paixão platônica
Porque Lobo é criatura da noite
E Sol é elemento do dia...

Lívia Carla Soares

Adeus

(Poesia publicada na Antologia "Esteio em estado de Prosa e Poesia")

Depois dos beijos
E derradeiros abraços
A partida...
Sentir meu coração
Sangrar em pedaços...
O vazio, a ausência e a solidão.
As lembranças, a saudade...
Procuro, perdi, não vejo mais.
Que fim levou a tal felicidade?
Foi embora em sua bagagem
O brilho que eu tinha no olhar
Partiu também com você
Companheiros de viagem...
A partida e o depois
A indagação:
-O que será de nós dois?
Sofrer, chorar, sobreviver.
Tentar deletar, impossível esquecer.
E a sensação:
Que não fui na sua vida
O que quis ser...

Lívia Carla Soares

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Poetas ou Anjos

(poesia publicada no jornal Zero Hora)

Entre constelações de sentimentos
Galáxias de paixões
Meteoros de emoções
Gravitam os poetas...
Suspensos pelo sonho
No espaço do amor
Brincam sutilmente com as palavras
Transmutam árduas rotinas
Em doce fantasia
Como maestros de divinos arranjos
Com total supremacia
Por isso às vezes, me pergunto:
Serão Poetas ou Anjos?

Lívia Carla Soares

Sonho de Ícaro

Como Ícaro eu quis voar...
No portal da fantasia
Vesti-me de poesia
E viajei...
O brilho intenso do teu olhar
Como um imã me atraiu
Então voei...
No insensato do desejo
Envolvida pelo amor, plena de emoção
Nem percebi que voava alto demais...
E o calor que emana do teu sol interior
Derreteu, tal qual as de Ícaro
Minhas asas de cera
E eu caí... na realidade
Só então percebi o quanto és
Inatingível, infinitamente impossível
Para mim...
Assim, hoje aprendi a te amar a distância
Como amo o Sol no céu
Sem jamais ousar fita-lo
Pois seu brilho excessivo
Certamente, iria me cegar...

Lívia Carla Soares

Busca

(poesia classificada no concurso Feira do Livro de 2008)

Eu quero alguém
Pra viver um amor louco inconsequente
Uma paixão intensa meio adolescente
Reticente...
Busco alguém:
Pra correr na chuva pelas calçadas
Abraçados ou de mãos dadas, tanto faz
Depois beijos molhados em plena avenida
Pra ostentar, esbanjar felicidade, bem exibida
Quero alguém que tenha coragem
De roubar rosas de um jardim
Só para oferece-las a mim...
Que seja capaz de recitar poesia
Em cima de um banco no meio da praça
Em plena luz do dia
E que numa madrugada de inverno
Muito fria
Encante-me ao me despertar
Cantando em minha janela...
Se alguém souber de alguém assim
Por favor, peça pra ligar pra mim!!!

Lívia Carla Soares

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Natal

(Poesia premiada pelo concurso da Livraria Acadêmica)

É Natal...
Vem Jesus
Ocupa teu berço de luz
Em meu coração...

Já varri de lá, a decepção
Sacudi as tristezas, expulsei a discórdia
E cultivei a sementeira do perdão


Pintei nas paredes, a harmonia
Enchi os vasos com arranjos de amor
Espargi no ar, o aroma da alegria

Espantei de lá, a amargura
Preenchi os espaços com a paz
Que só a fé em Ti nos traz

Acendi a lareira da humildade
Pratiquei a caridade
Como sempre ensinaste

É Natal...
Tua casa está pronta
A manjedoura é rústica, simples, mas sincera
Vem, Jesus, abre a porta
Já sabes que estou
A Tua espera...

Lívia Carla Soares

Prisioneira da Saudade

(Poesia publicada na Antologia do XV Concurso Pan-Americano de Poesias)

Há dias que a saudade parece torturar
Com especial intensidade
Com requintes de crueldade,
Faz questão de lembrar cada momento vivido
Cada pequeno detalhe, mínimas coisas
Retalhos de felicidade...
Eu tento fugir, fingir que não estou sentindo
Mas ela, a saudade, fica ali espreitando,
Divertindo-se com sua maldade...
Recordações povoam minha mente
De forma insinuante, insistente...
Doce melancolia me invade
Rendo-me, desisto de quebrar as algemas
Deixo-me subjugar...
Não, não me peça pra esquecer
Porque se algum dia esse amor se extinguir
Será porque eu própria
Terei deixado de existir...

Lívia Carla Soares

Descoberta

Caminhos, veredas
Sendas e trilhas
Novos horizontes
Outras tribos, outros povos

Beber em outras fontes
Minha vida em outras vidas
Alçar voos destemidos
Por céus distantes
Buscar estrelas mais brilhantes...

E nesse pulsar constante
Do coração
Me extasiar e estremecer
A cada nova
Emoção...

Lívia Carla Soares

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Vento

Olá, faz-me um favor, amigo vento
Leva até ele meu pensamento
Carrega em tuas asas minha saudade
Cola nos lábios dele um beijo doce
Sopra em seus ouvidos essa verdade:
Eu ainda o amo! Acaricia por mim, a sua face!

Amigo vento, vai agora bem ligeiro
Leva até ele meu perfume, meu cheiro
Faz com que esse aroma o provoque
E nessa combinação então evoque
Em sua mente lembranças minhas...

Depois amigo vento, faz-te mais lento
E numa brisa suave, afaga o seu cabelos
E então, torna-te quente, de repente
E arrepia a pele dele
De mansinho, bem assim...

Porém, se nada disso adiantar
Se nada enfim o emocionar
Faz-te violento, torna-te vendaval
Que seja algo nunca visto, sem igual
Usa tua força num ciclone ou furacão
E varre pra longe, muito longe
Esse amor que teima em ferir
Meu coração...

Lívia Carla Soares

Platônico

Ah! Esses amores platônicos
Paixões vividas a distância
Sonhando só...
Querendo tocar, acariciar
Quando é permitido apenas olhar
Sentimento proibido, amando escondido
Desejo domado, contido
Querendo mais... Sem ter direito
E o amor transbordando no peito
Sem olhar nos olhos
Pra não trair a emoção
Que a voz tremida tenta ocultar
Dissimular em conversas banais, casuais
Ah! Esse nó bem no meio da garganta
Sufocando o grito, mascarando o conflito
Temendo desvendar o quase explícito
Amor fantasiado de Amizade
O platônico, torna-se irônico, beira a insanidade
Num teatro real com fantoches
De verdade...


Lívia Carla Soares

15 Anos de Nicole

(Homenagem à minha filha pelos seus 15 anos)

Menina loira dourada
De cabelo cacheado
Onde esqueceste a boneca?
Que fim levaram os contos de fada?
E as cantigas de roda?
E as super-poderosas jogadas na estante
Substituídas no porta retrato
Pelo sorriso do namorado...
Ah! Minha princesinha, minha Rapunzel,
Minha bonequinha, minha Barbie Girl...
Hoje 15 anos, salto alto, batom, rímel, pó
Miss Simpatia, Corrente Ativa, Pop Star
Vocalista de banda! Imaginem só!
Quem diria que sabias cantar...
Trejeitos de menina num corpo de mulher
Sorriso Maroto, Jeito Moleque, muito sapeca
Olhar vago, apaixonado, meio sonhador
É! Já não brincas mais de boneca!
O meu botãozinho de rosa desabrochou...
Virou Linda Flor!

Lívia Carla Soares