sábado, 31 de janeiro de 2009

Utópico

(Poesia criada em parceria com Carlos Henrique Canary)

Habito o surreal de insanidade
Onde a insensatez reina e permite
Roubar, feito um louco visionário
De tua boca, um beijo imaginário...


Neste reino onde os desejos
Povoam os sonhos meus
Sinto meus lábios vibrarem
Ao pensar no toque dos teus ...


É um jardim de deleites
E a volúpia quer dançar
Braços dados com a loucura
Sedentos por saciar
Querendo em uma estrela
Do céu de tua boca, morar...


Porém quando a sensatez
Arrebatada em sua ira
Invade esse mundo
Aprisionando a loucura
Triste, percebo, com uma lágrima no olhar
Que este sonho se dissipa
Evapora-se no ar


Então me pergunto, por que?
Por que no sonho é possível
O que de outro modo não se vê?
De que vale a realidade,
Se nela não há você?

Lívia Carla Soares e Carlos Henrique Canary

Amanhecer

Em horas vazias, vadias
De madrugadas insônes
Me invade a poesia
A inspiração me toma pela mão
E prenuncia
Um voo mágico nas asas
Da fantasia
É quando o amanhecer
Rasga o véu negro da noite
E nasce com o raiar do dia
Languidamente mais uma poesia...

Lívia Carla Soares

Miragem

Urgente necessidade de ver-te
Ouvir-te, ter-te
Em meus abraços...
Vontade persistente, incessante
Saudade torturante, lancinante
Da tua presença
Ao meu lado na cama
Querer-te tão perto, tão junto
Tão fundo, sentir-te assim
Enfim dentro de mim...
O deserto da tua partida
Causa-me alucinações, delírios, miragens
Embriagada por falsas imagens
Parece-me ver-te voltar
Minhas mãos nervosas procuram-te
Buscam-te, quase conseguem tocar...
Mas como num sonho efêmero, fugaz
Tua imagem irreal aos poucos se desfaz
Para dar lugar outra vez ao vazio
A desolação e ao frio
Que a tua ausência me traz...

Lívia Carla Soares

Poesia

Eu pensei fazer poesia
Pra falar só de alegria
Onde a palavra amor
Jamais fosse rima de dor
Sonhei fazer poesia
Onde o luar fosse para os amantes
Nunca para o pranto dos errantes
Desengano, saudade, solidão
Nunca iriam fazer parte
Da minha poesia-arte
Os casais se amariam loucamente
E esse amor duraria eternamente
E se morressem seria de prazer
Para em outro plano, depois renascer...
Só quando amei de verdade
Descobri que não se faz poesia
Só falando de alegria
Isso é pura utopia...

Lívia Carla Soares